domingo, 5 de abril de 2009

Estresse como impulso criativo e criador!

A dinâmica acentuada da nossa sociedade está revirando demais a todos que tomam para si algum papel de responsabilidade e interação, seja no mercado de trabalho, seja em outras relações pessoais. Há tantos desafios e provações para se manter num fluxo de crescimento e lucratividade que muitas vezes nos tornamos reféns de nós mesmos se travamos um auto-combate contrariando nossas próprias reações aos desafios. Exagerar nas reações pode gerar uma guerra que, cultivada, pode se tornar invencível. Em outras palavras, nosso poder pode ser nossa ruína, ou vice-versa.

Em muitos sentidos, basta ouvirmos falar de estresse que já nos abalamos. Parece comum dar um sentido um tanto irritante a essa palavra. Relacionamos comumente com experiências ruins, desgastantes ou pelo menos negativas.

Que tal usarmos nossa programação inata a nosso favor?

É natural que fiquemos apreensivos ao sermos ameaçados. Ao percebermos o risco de perdermos o controle em uma situação, desencadeamos uma resposta fisiológica e comportamental chamada reação de alarme ou de emergência, onde disparamos uma série de sinais químicos que nos movem em função de auto-defesa. É a lei da sobrevivência. É nossa primeira resposta ao estresse.

E é nesse momento que encontramos uma grande vantagem no estresse. Esse conjunto de respostas nos promove para resolver problemas que exijam soluções imediatas. Nossa atenção bem focalizada aumenta nossa capacidade de relacionar as possibilidades e probabilidades e nossa energia para executar os comandos que nosso cérebro determina a partir disso é imensa, se comparada a outros momentos. Podemos nos surpreender com a descoberta de tantas capacidades e habilidades que nós mesmos temos.

Um forte desafio pode nos impulsionar pra frente.

Basta prestar atenção ao momento certo de agir. E a natureza desperta a nossa atenção ao que importa para nossa sobrevivência, a cada momento.

Cabe a nós aproveitarmos as respostas programadas pelo instinto e usá-las para nosso benefício. Toda a energia de que dispomos num momento de grande provação também pode ser usada contra nós mesmos caso não seja bem direcionada, porque pode nos exaurir antes que encontremos as resoluções.

Sim, é bem diferente estar atento para reagir ao que nos desafia ou ser constantemente perturbado por cultivar intencionalmente as possibilidades de falha e fracasso. Viver constantemente sob pressão por nossos medos que não se concretizaram ainda pode nos levar à falência, em todos os sentidos. Isso é o que denominamos de ansiedade.


Ter medo do que nos ameaça é natural, mas alimentar a certeza de supostas perdas futuras é conduzir-se à exaustão e a provável auto-destruição.

Proteja-se usando as ferramentas que você já possui. Treine para aperfeiçoar seus talentos e dons, cultive suas habilidades, partilhe-as e promova seu crescimento junto com outros que estejam com você, tanto no mercado de trabalho quanto, essencialmente, nas relações pessoais mais profundas. Valorize o que lhe faz bem e reduza sua dedicação ao que lhe faz mal.

Há uma dica muito importante para aqueles que tem determinação em sofrer menos e ter melhores resultados em qualquer projeto na vida: Antecipação!

Antecipar-se evita desperdício de tempo e energia e, por isso reduz a ansiedade. Organize-se, planeje ações em prol do resultado que você espera e realize seus planos passo a passo. Reconheça suas falhas, o que tem para ser corrigido e aprimorado. Aproxime-se de você mesmo, una pensamentos e atitudes, e observará efeitos desejáveis. Plante o que quiser colher!

Eu estou aprendendo muito sobre “antecipação”, com toda a motivação possível e crescente, e já percebo efeitos muito especiais. Por isso, espero ter partilhado com você algumas dicas que também lhe promovam a ser cada vez melhor e mais feliz.

Sucesso com felicidade!
Isabel Amaral Martins
Bióloga, mestre e doutora em neurociências,
pesquisadora de comportamento e interações sociais.

(Artigo publicado na Revista Novos Rumos - Ciência e Saúde, edição de Abril 2009)